quinta-feira, 14 de julho de 2011

4 - Ano novo, amor novo...

Chegada a ultima semana de dezembro, o aviso se cumpriu: Fabiola e Fernando se demitiram. No dia seguinte logo foram contratadas mais pessoas. Me senti triste, pois finalmente tinha me tornado amigo deles.
A semana do natal logo chegou e eu claro, fiquei pessimo. Estava longe da minha familia, não tinha a menor condição de viajar e mesmo que meus amigos me tratassem super bem, não adiantava. Rafael bem que tentou, me chamou pra ir numa festa na casa dele e eu até fui, só que quando cheguei lá, ele tinha ido buscar uma amiga na casa dela e eu não me sentiria a vontade esperando no meio de gentes que até então me soavam como vários desconhecidos. Voltei para casa, lá eu sentei do lado de fora da casa e podia ouvir a movimentação dos vizinhos dando festas, comecei a olhar as estrelas e me deu uma vontade de chorar que eu não consegui evitar, elas ja caiam sobre meu rosto e na minha trilha sonora tocava: "JAY VAQUER - O TAL DO AMOR". Na semana seguinte, os preparativos estavam para festa de ano novo e eu claro, não pretendia repetir a dose de choro, comecei a ligar para os meus amigos:

- Rafa, vamos sair? Eu estava eufórico no celular.
- Não posso Lipe, tenho uma festa na casa do meu namorado.
- Fabiola vamos sair? Já estava menos agitado, pois já havia tomado um não.
- Não posso Lipe, tem festa aqui em casa e meus pais são evangelicos e estão sozinhos, não queria deixa-los passar a virada de ano assim.

Minhas outras opções nem me atenderam. Gabrielle estava na casa dos pais que moravam em outra cidade, Juliano me mandou uma mensagem de texto e o Léo não me atendeu. Decidi passar o reveillón na praia, imaginei que fosse bonito. Ao chegar na praia, encontrei de cara o Léo e pulamos um no pescoço do outro. Ele estava com seu namorado e todos seus amigos, os que conheci sendo apresentado em uma das vezes que fui a Orla. Tudo estava bastante agradavel, até que comecei a rever pessoas amigas também. Encontrei com o Fred e conversamos durante horas, até que ele recebeu uma ligação informando que seu ex-affair estava na orla também. Eu sempre achei o ex do Fred interessante, só não me achava totalmente suficiente para agrada-lo. Saimos todos juntos então. A queima de fogos foi linda, voltei e continuei com os amigos do Léo. Retornava e ficava com o Fred e depois o Léo e assim passou a madrugada inteira. Até que criei coragem e chamei o menino pra ir na minha casa no dia seguinte. E ele foi, começamos a conversar e estava até muito agradavel, mais eu não queria que continuasse apenas assim. Então beijei-o e ele correspondeu. E quando dei por mim já estavamos namorando. Mais como nada era como deveria ser, o namoro começou a cair e cair e cair... Como um avião, ele iria se espatifar e deu nisso, alguns meses depois.

QUATRO MESES DEPOIS...

Eu estava solteiro novamente, tinha me tornado o melhor amigo do Rafael, quem começou a criar muitos aflitos e sua vida sentimental.

- Que? Eu vou aonde?
- Você vai Lipe, tenho que ter certeza se ele está me traindo... Rafael estava bem nervoso.
- Mais segui-lo? Ir a praia? E assim, com a roupa da loja?
- Ah Lipe... Você... Você, COMPRA UMA CAMISETA LÁ EMBAIXO!
- Não senhor, se eu for de farda e você não for, eu não vou.

Para minha sorte, Rafael era um ótimo chantagista e minutos depois ele me fez pensar que eu era um péssimo melhor amigo e claro que eu fui. Dois detetives em busca de uma reposta pela praia. A caminhada foi longa, até que chegamos ao local. Rafael não estava sendo traido e tudo havia se tornado uma perca de tempo. Voltei para casa e o Léo me convidou para sairmos. Fomos comer esfirras, colocar a conversa em dia, só que o meu outro melhor amigo (Leonardo), tinha um defeito: ELE NÃO SUPORTAVA ANDAR EM PÉ EM ONIBUS.
Demos a sorte e pegar um onibus lotadissimo e Léo teve a brilhante ideia de descermos pois ele tinha a impressão de ter visto um onibûs atrás e igual:

- Vamos Pipo, nos descemos e pegamos o onibus que vem logo atrás...
- Sei não Léo, não estou com uma sensação muito boa hein?

Então descemos do onibus, Léo estava com um sorriso de orelha a orelha achando que tinha feito um ótimo negocio, só não contava com uma coisa: O ONIBÛS NÃO PAROU.

- Leonardo de Oliveira o que vamos fazer agora?
- Esperar outro!
- Nessa rua deserta? Nos vamos ser assaltados ou levar um tiro...
- Pipo, não seja dramatico... Vamos pegar o proximo e olha ali, tem um senhor no ponto de onibus, vamos lá...

Caminhamos até o ponto de onibûs naquela rua deserta e medonha, ao chegarmos lá, o homem tinha cara de um assassino saguinaréo e nos assustamos, foi quando o Leo perguntou:

- Moço, por aqui passam muitos onibus para aquele bairro ali? O Léo apontou para o onibus, indicando qual era o bairro.
- Sim, passam muitos... Ele respondeu.
- Está vendo Pipo, eu tinha razão!
- Mais aqueles dois eram os ultimos da noite! Ele terminou.
- Mais que DROGA! eu fiquei furioso. Vamos morrer, vao levar nossos documentos, ninguem vai nos reconhecer e vamos parar no PLANTÃO ALAGOAS... Eu comecei a chorar.

CONTINUA...

quinta-feira, 7 de julho de 2011

3 - Nem tudo é o que parece ser!

Para começar a trabalhar, eu precisava acertar alguns pontos da minha vida. Comecei saindo da casa do meu tio. Fui morar na casa de um amigo chamado Mike e sua mãe Yolanda. Ambos me acolheram super bem. No dia marcado para começar a trabalhar, já estava começando a me preparar quando algo desastroso aconteceu:

- Meu Deus! Eu estava perplexo olhando diante do espelho.
- O que houve Pipo? Mike estava assustado comigo. Então sorri para ele e ele pode perceber: Meu aparelho tinha quebrado todo o lado direito.

Aquilo não me abateu e mesmo assim eu fui pronto para o meu primeiro dia de trabalho. Eu iria trabalhar num setor de atendimento, de uma loja comercial. Estava ancioso, queria conhecer meus colegas e logo começar novas amizades. Mas nem tudo saiu como eu pensei:

- E esse é o seu ponto, você bate assim e assim. Aquela é a sala do gerente e aquela outra do departamento pessoal, esse é o nosso refeitorio. Rafael falava rapido demais para que eu pudesse assimilar, apontava em todas as direções indicando-me todas as repartições daquele ambiente. Ao chegar no meu setor, ele nos apresentou. - Esses são: Fabiola, Bruna, Gabrielle, Fernando, Everson e agora você. Deixo você em boas mãos, boa sorte,
-Hã? Mas já? Sem nenhum treinamento? Eu estranhei, pensei que primeiro fosse ter alguma especie de ensinamento, mas não tive. O que causou risos nos outros funcionários.
- É... você pode começar pegando o papel na impressora. A voz era fria, ao olhar, percebi que quem havia falado tinha sido o Fernando.

Então logo sentei na minha mesa e começei a observar todos a minha volta, como eles agiam, como falavam, como lidavam com diversas situações com pessoas. O que não agradou muito.

- Coleguinha? Dá para você ajudar? Estamos lotados! A Bruna foi extremamente direta.
- E-E-Eu? Mas o que eu faço? E como eu vou saber lidar com um caso de gravidade? Estava completamente nervoso.
- Todos são graves! Gargalhou a Fabiola diante da minha quase crise nervosa, então comecei a atender.
- Próximo atendimento! Falei em voz alta e logo veio uma senhora.
- Escuta aqui meu bem. Eu não sou obrigada a pagar esses juros abusivos, ou você tira essa P#@!!@$@#$# agora, ou eu vou te processar! Aquela mulher estava completamente alterada e eu quase deixei as lágrimas escorregarem diante do meu rosto.
- Fabiola, atende essa senhora, minha vez de treinar o novato. Fernando pareceu querer me salvar daquele apuro, mas logo percebi que me enganei. - Você cadastra assim, detalhando dessa forma e envia! Pronto, facil não? Fernando mais parecia uma maquina de escrever diante de mim e eu nem sabia por onde começar.
- Acabei Fernando! Eu estava sorridente, achava que finalmente tinha dado certo em alguma coisa.
- Terminou? Você já olhou ali? Ele apontou para as pastas de cadastro, tinha no minimo umas dez. - Agora sim, você está nomeado como o "Rei do Cadastro". E deu as costas.
- Você vai conseguir, não fique assim. Gabrielle dizia aquilo numa calma enquanto passava a mão no meu ombro.

Então comecei a cadastrar, atender telefone ao mesmo tempo, falar com várias pessoas. Necessariamente tinha que me dividir em vários, para conseguir tamanhas ações. O primeiro dia de trabalho logo acabou e então peguei um ônibus lotado em direção a minha casa. O trabalho era muito cansativo, parecia que não tinha agradado muito aos meus colegas de trabalho. Cheguei em casa, tomei um banho e fui ver TV. Na manhã seguinte fui trabalhar novamente, pareceu que eu ficaria melhor, pois de certa forma já saberia o que iria fazer e nada mais iria me surpreender até que:

- Fiquei sabendo que você se saiu super bem no cadastro e por este motivo você irá passar o dia na ILHA!

Assim como muitas pessoas, eu também me perguntei nesse momento: "O QUE É ILHA?". Logo descobri, era um lugar onde eu ficaria sozinho e praticamente ficaria com todos os cadastros de novos clientes sozinho também. Logo começou meu martirio. Chegava e já me mandavam descer para "A ILHA". Então lá ia eu, varias pessoas passavam e jogavam mais pastas com novos cadastros, formando-se então pilhas imensas. Parecia que esqueciam que eu existiam, tanto era que eu era o último a almoçar praticamente todos os dias. O tempo passou, eu logo superei tudo isso e fiquei muito bom no que eu fazia. Já havia me acostumado com a movimentação. Foi somente ai que comecei a me aproximar dos outros funcionários. Estavamos chegando perto de Dezembro e o movimento dobrou, devido as festas natalinas que se aproximavam. Um quadro extra foi contratado e eu deixei de fazer parte da bendita e famosa "ILHA". Ao entrar um novato (EVERTON), percebi que a rixa deles não era comigo e sim com todos os novatos que passavam por ali, era uma especie de BULLYING trabalhista.

- Coleguinha pega o papel! Ordenava a Bruna de um lado. - Todos os atendimentos são importantes, presta a atenção! Afirmava a Fabiola. - É assim e pronto. Fernando completava. Apenas Gabrielle fazia seu trabalho calada e mal falava com as outras pessoas, propriamente falando comigo.

Foi então quando eu comecei a perceber algo de diferente e novo em mim. Estava agindo com os mesmos modos dos meus colegas de trabalho:

- Everton, pega o papel na impressora! Eu nem podia acreditar que já estava dizendo isso, foi quando todos começaram a cortar meu barato.

- Olha só pro novato... A Bruna olhou para mim com um sorriso maligno.
- Chegou ontem. A Fabiola interrompeu a Bruna, logo em seguida para ser interrompida pelo Fernando:
- E não sabe nem se fica, para estar desse jeito.

Com o passar das semanas, começei a aprender muitas coisas e logo me tornaria um dos melhores daquele setor. Me aproximei de todos, pareciamos verdadeiros amigos de infância, o que eu estranhei um pouco. Me chamavam pra sair, ir a barzinhos, boates, festas. Tudo estava tão bem, quando logo eu descobrir uma coisa:

- Eu e o Fernando vamos sair. A Fabiola disse aquilo com um olhar tão triste e eu fiquei sem entender.
- Sair? Para algum lugar?
- Não, sair da loja! Sairemos agora em dezembro...

Somente aí eu entendi o que ela estava querendo dizer, o que logo me deixou muito triste. Pois saberia que eles iriam me deixar, nesse momento que tinha me unido e agora seria minha vez de ensinar a novas pessoas. Será que eu estaria pronto?


CONTINUA...

quinta-feira, 30 de junho de 2011

2 - Perdas e Ganhos

ATUALMENTE...

Agora já morava em maceió, tinha 18 anos. Morava na casa de um tio, irmão da minha mãe. Um homem que logo me encantou por aparentar uma figura paterna, mais que logo me tirou essa impressão no passar dos dias. Percebendo então que agora, nesse momento que eu julgava de "liberdade", me faltava algo: Descobrir o amor. Conheci então um affair por internet, em menos de um mês já estavamos namorando virtualmente. Quando fomos nos encontrar pessoalmente escolhendo um lugar publico.

- Que demora, será que ele não vem? Eu estava nervoso e não parava de olhar para o relógio.

Ele estava atrasado, somente com uns vinte minutos após a hora marcada ele apareceu. Estava lindo, ao lado de sua melhor amiga. Nos falamos e tudo pareceu ser o encontro perfeito. Saimos, almoçamos juntos, conversamos, nos divertimos. Foi surpreendentemente bom demais para ser verdade. A não ser pelos simples fato do tempo passar:

UM MÊS DEPOIS...

- O que? Você está terminando comigo e está me dizendo isso com essa frieza toda?
- Eu sinto muito, estou num periodo de muitas provas e eu preciso estudar, não posso dar atenção a um namoro no momento Pipo, espero que entenda.
- Eu entendo. As lagrimas lutavam para não continuarem caindo do meu rosto e eu tentava fingir que entendia, mais eu não entendia.

Foi aí que eu pude ver que tinha amigos muito bons. Leonardo era naquele momento quem mais tentava fazer com que eu esquecesse a dor e dececpção do meu primeiro amor. Estava indo tudo bem, até que numa bela manhã eu decidi que iria ocupar minha cabeça, iria atualizar meu fotolog. Lá estava eu, muito bem e com muitos comentarios, até que eu descobri o fotolog do meu ex. Tomei um susto na hora que vi que ele já estava namorando uma semana depois do nosso termino. Eis que a dúvida então começou a morar meus pensamentos: Será que eu havia sido mesmo traido e trocado? Não tinha certeza, mais começava a afundar numa nuvem de depressão. Eu precisava esquecer toda aquela situação, agora não era apenas eu que percebia isso, eram todos.
Numa manhã de sábado, eu acordava com algo estranho e vibrando embaixo do meu travesseiro (meu celular), quem ligava era meu amigo, Arconço Teixeira:

- Não, eu não aceito recusas, você vem e agora! Arconço não pediu que eu fosse, ele mandou.
- Mais agora? Eu estava confuso ainda, devia ser sono.
- Sim, a festa começa por volta das 18 horas, mas assim você nos ajuda na organização, que tal?
- Não sei Arconço...
- Vem amigo, vai ser bom pra você, eu prometo. Eu não podia ver o Arconço, mais se pudesse ver veria que ele realmente faria questão de que eu fosse e então eu dei minha resposta:
- Está bem, dentro de uma hora eu estarei ai.

Seria uma boa hora pra eu me recuperar da minha desilusão amorosa, iria ver gente, dançar, me divertir, ver gente e quem sabe até eu conhecesse alguém novo? Uma hora depois já estava na porta da casa do meu amigo e ele logo me recebeu com um grande abraço e me apresentou a todos que já estavam em sua casa. Tudo estava ficando realmente lindo, então a minha tristeza deu uma trégua. O tempo logo passou a noite se aproximava. A festa tinha tema RETRÔ, então deu liberdade para que todos criassem suas roupas, que foi muito divertido por sinal, todos arrumando-se juntos, trocando peças. Então estavamos todos prontos e a festa começou e bombou claro. Dançamos muito até altas horas da madrugada. Quando o fim da festa se aproximou, espalhamos vários colchões de ar pela sala e todos os 15 convidados dormiram na casa do Arconço ainda em clima de festa.
Na manhã seguinte, todos começaram a destruir o cenário da festa o que foi muito divertido também. Foi então quando a tristeza bateu e eu resolvi ir embora. Ao chegar em casa, meu tio estava vendo um jogo de futebol na TV, com muitos amigos e quando eu passei pela sala em direção ao quarto e ele falou:

- Usou drogas? E eu voltei meu olhar chocado para ele.
- Não! De onde tirou isso? mal podia acreditar no que estava ouvindo.
- Ah Felipe, me poupe. Sei que nessas festas todo mundo se droga.
- Todo mundo. Menos eu, menos a festa inteira tio. Todos nos divertimos e não precisamos de incentivos para ficarmos felizes. Esclarecida a sua pergunta? Fui irônico o suficiente para que ele não falasse mais nada.

Descansei então. No outro dia, marquei de sair com o Léo e uns amigos dele. Fomos então dar uma volta pela Orla da cidade. Lá, todos foram muito atenciosos, inclusive o Léo. Mas, eu ainda não conseguia superar a decepção:

- Pipo? Você está tão distante... O que houve? Léo parecia realmente preocupado com meu estado.
- Ai amigo. Tudo está tão dificil. Ser traido, ser abandonado, não conseguir emprego e agora meu tio, que está me perseguindo. Quase começei a chorar quando comecei a desabafar.
- Não fique assim Pipo e não pense besteiras, tudo vai dar certo, eu prometo.

Apesar de estar ali, com todos me tratando muito bem, eu não conseguia me sentir a vontade. Quando Léo se desviou para falar com uns amigos seus que haviam chegado, aproveitei para sair escondido.

- Gente, alguém viu o Pipo? Léo me procurou mais não conseguiu me encontrar.

Eu estava caminhando pela praia, pensando na vida. Se minha vida tivesse trilha sonora, naquele momento tocaria "ROTINA - THAEME MARIÔTO". Comecei a chorar, quando meu telefone tocou:

- Alô?
- Alô. O senhor Felipe?
- Eu mesmo, quem gostaria?
- Felipe, meu nome é Rafael e eu estou ligando a respeito de um curriculum que você deixou aqui em nossa loja. Teremos uma entrevista amanhã a tarde, você está interessado?



CONTINUA...

quinta-feira, 23 de junho de 2011

A essência...

RECAPITULANDO...

Aquela era apenas uma madrugada comum na maternidade regional da cidade pacata de Delmiro Gouveia, estavamos no ano de 1991, naquele dia eu nasceria. Era uma madrugada fria e chuviscava um pouco. Minha mãe até então, estava em sua segunda gravidez e não queria saber o sexo do bebê, preferia saber apenas no dia em que eu nascesse. Em sua mente, ela daria a luz a uma outra menina, já que eu ja tinha uma filha, a minha irmã Fernanda.

- Nasceu, anciosa pra conhecer seu filho? Indagou a enfermeira com o olhar curioso para a minha mãe.
- Claro, é uma menina não é? Trouxe até os brincos pra que ela ja possa furar as orelhas! Minha mãe falou aquilo com um sorriso cansado de orelha a orelha.- Não, engano seu. A senhora acaba de dar a luz a um menino! A enfermeira pareceu achar engraçada a situação.

Bom, talvez eu não fosse lá o sonho de consumo para um mãe, mais eu nasci. Aparentemente minha mãe queria outra menina, talvez para fazer companhia a minha irmã, quem não saia com muita frequencia. Minha irmã não gostou nenhum pouco do fato de ter nascido um menino. Fazia de tudo para chamar a atenção da nossa mãe, até me derrubar da cama de propósito ainda bebê:

- Fernanda! Eu disse que era pra você olhar o seu irmão enquanto eu preparava a mamadeira! Gritou minha mãe histericamente. - Ah mamãe, eu estava ocupada vendo os URSINHOS CARINHOSOS! Falou olhando para a TV como se aquilo não tivesse importância.

 Minha irmã tinha pouco mais de 5 anos e já era sinica. Com o passar dos anos, a briga continuou acirrada entre nós, quem conseguiria mais o carinho da mamãe? Eu cresci, agora com uns treze anos, comecei a estudar me destacar entre a classe. Sempre muito estudioso, tirava as melhores notas achando que iria impressionar quando chegasse em casa, porém era a REBELDIA da minha irmã, que mais preocupava:

- Mãe eu tirei 9.5 em português! Eu estava feliz, com um enorme sorriso no rosto, seguindo minha mãe com o olhar, que estava andando pela casa apressada em direção a minha irmã. - Porque você está fingindo que vai a aula Fernanda? Minha mãe estava muito brava.

Com o passar dos anos, além de ser estudioso, sentia que me faltava algo... Ser mais popular no colegio. Para que isso pudesse acontecer, eu precisava ser DESCOLADO! Precisava estar na moda, o que era dificil. Eu me vestia como um saco de batatas, cortava o cabelo de um jeito que não suportava e era apagado demais. Então comecei a ouvir conversas e tentei interagir, de acordo com a época.

- Meu pai comprou um aparelho de DVD, acabaram de lançar o aparelho e na minha casa já vai ter um! Antenor disse aquilo para Roger, ambos estudavamos juntos, então eu tentei interagir.

- Minha mãe também vai comprar um! Eu disse meio sem jeito. - Sério? Quando? Antenor foi irônico comigo. Então disse a verdade, para não parecer atingido: - Vai comprar sim, no ano que vem quando estiver mais barato!

Ser popular no colegio naquela epóca era só pra quem tinha dinheiro. Você precisava ter um celular, usar ALL STAR, ter DVD, ir a festas e usar aparelho fixo.

- Mãe, me leva na dentista... Eu acho meu sorriso tão feio.
- Eu não vejo nada demais em seu sorriso meu filho, seu sorriso é perfeito do jeito que é.
- Ah mãe, me leva! Quem sabe eu não preciso usar aparelho?
- Está bem, já que você insiste, eu vou marcar uma consulta com a Doutora Jaciara. Disse minha mãe vencida pela minha insistência.

A consulta seria em uma semana, eu mal poderia esperar. Queria usar aparelho fixo e ser popular. Chegou então o dia da consulta:

- Então doutora, quando eu coloco o meu aparelho fixo? Eu mal podia esperar, estava eufórico.
- Aparelho fixo? A doutora riu. - Você não vai usar aparelho fixo, pelo menos não agora. Vai usar esse aqui... Ela apontou para um catalógo que tinha em sua mesa e eu me horrorizei, era um aparelho capacete, o mais pavoroso que eu ja tinha visto.

Então, começei a usar um aparelho capacete e ouvir perguntas do tipo: - Você sofreu um acidente? Eu respondia que não é claro. Na escola, os alunos saiam das outras turmas para me espionar e me ver usando aquela aberração. Então foi ai que eu desistir de ser popular. Somente quando eu desistir de ser popular, foi quando me tornei um. Só que popular para alvo de "BULLYNG". Era o alvo, sofria persiguições. Uma delas foi ser arremessado escada abaixo e quebrar um dos meus braços. Aquilo realmente foi terrivel! Se minha vida fosse uma micro-série da globo, eu soltaria uma vinheta de abertura após a cena da queda, mais não é!

Agora, eu tinha 16 anos. Continuava BV por um lado, mais pelo o outro eu conseguir ficar famoso no colégio. Montei meu próprio grupo, que se tornou um CLÃ no colégio. Eu, Marcela Ferreira e Johnatan Miramez. Os imbativeis. Eu não usava mais aparelho capacete e sim o bendito fixo, que agora nem fazia tanto sucesso assim. A moda agora era INTERNET no interior, criei então meu primeiro perfil no site de relacionamento mais famoso do país. Sim, eu era muito idiota e colocava coisas infantis no perfil, do tipo: "100% VIDA LOUCA" ou algo do tipo EMO, com uma foto estranha no perfil. Entrava em várias comunidades inutéis, uma delas foi: "EU ADD TODO MUNDO"... E não é que funcionou? Em menos de um mês, meu perfil estava lotado, mas de gente que eu não conhecia. Foi lá, que eu encontrei o "Juliano Bonfim (JUUH CHOKITO como era conhecido na época)". Achei ele bonitinho, adicionei e começamos a conversar. E não é que nos tornamos amigos? E assim, continuei, add pessoas pela aparência e me surpreendendo, pois estava conhecendo pessoas maravilhosas e fazendo lindas amizades. Com muitos amigos em comum ja em Maceió. Eu era famoso no orkut, então o outro famoso do orkut, me adicionou, era RAFAEL FERNANDES (conhecido como DADO). Eu era BFF (Best Friend Forever) de um ex-namorado dele e no fundo o detestava. Mais foi no fim do relacionamento dos dois, que eu mudei de ideia e enxerguei nele uma grande pessoa. Claro, também nos tornamos amigos. Dai, fui apresentado a outro meio social bastante legal por outro amigo, o WILLIAM HENRIQUE, era o FOTOLOG. Eu claro, fiz um e comecei a procurar pessoas, conhecendo: THIAGO BRUNO, TIAGO ALESSANDRO, LEONARDO PRENTSE, HELENA, ANGELO VALENTE, THADEU E ARCONÇO TEIXEIRA. Então meus planos mudaram, eu queria dar uma volta ao país e conhecer todos esses meus novos amigos. Só que eu só poderia viajar e sair de casa quando estivesse maior de idade e ainda faltava um ano, já que a esta altura eu já estava com dezessete. Então, eu arrumei um emprego para juntar dinheiro e viajar, meu primeiro ponto de partida seria "MACEIÓ - AL". Trabalhei durante todo esse ano, no pior emprego do mundo, ganhando pouco dinheiro e sem gastar comigo mesmo. O ano passou, finalmente chegando o dia da viagem... A primeira pessoa que eu iria conhecer seria "ARCONÇO TEIXEIRA". Eu mal podia esperar, então ele me passou seu endereço e eu anotei. Mal podia esperar para chegar. Quatro horas na estrada, então eu cheguei até a capital. Um verdadeiro matuto na cidade grande, só que eu não contava com uma fatalidade: No bairro do Arconço tinham duas ruas com o mesmo nome e com o mesmo ponto de refêrencia, que era a bendita igreja ASSEMBLEIA. E não é que eu me perdi?

- Onde é que você está? Estou na porta de casa lhe esperando. O Arconço me procurava por toda a rua, enquanto eu estava na parte de cima do bairro, rodando com uma mala enorme. Perguntando aqui, perguntando ali... Eu consegui descobrir a rua certa e lá estava meu amigo, me esperando no portão e rindo compulsivamente de mim, é claro. Almoçamos e eu conheci mais pessoas: FLAVIO MARCILIO, DAVID JR E PHELIPE CUNHA. Claro, adorei todos. Estava na hora então, próxima parada seria o shopping, onde eu encontraria pela primeira vez com: LÉO PRENTSE E JULIANO BONFIM. Peguei um taxi, pra minha sorte o taxista me enganou e me deixou num ponto errado. Comecei a me aventurar de novo, perguntando a um e a outro e claro, me passaram informações erradas. Finalmente consegui chegar no shopping e conheci logo o Juuh, quem eu abraçei e fiquei feliz em ver, em seguida o Léo e foi perfeito. Estavamos prontos para sair, quando não contavamos com uma coisa: Minha mãe ligou para o meu tio, quem foi me buscar e não me deixou sair e me levou para conhecer a familia. A viagem perdeu a graça então e eu voltei para o interior, deslumbrado com a cidade e com uma ideia fixa na cabeça:

- Vai morar lá? Por qual motivo? Com quem Felipe? Minha mãe me fitou com um olhar horrorizado e perplexo. Então eu respondi com firmeza:

- Me mudo pra Maceió no próximo mês, já tenho 18 anos e está decidido!

E a partir dai, a minha vida começou a mudar e eu só vou contar o que aconteceu depois, pois isso aqui já está muito longo... Até o segundo episódio.